Data: 14 de
Agosto de 2016
TEXTO DO DIA
“Então, disse eu: ai de mim, que
vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um
povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is
6.5).
SÍNTESE
O profeta tem a visão extraordinária
da glória de Deus, deixa de lado sua autossuficiência e experimenta o perdão
amoroso do Pai.
INTERAÇÃO
Professor, utilize a experiência que
Isaías teve com Deus para enfatizar a necessidade de termos uma experiência com
o Espírito Santo. Fale a respeito do batismo com o Espírito Santo. Tal
experiência é de vital importância para o jovem. Desperte em seus alunos o
desejo de buscar uma vida de comunhão com o Espírito Santo. Ressalte também os
dons e capacitação que o Espírito Santo concede para realizarmos a obra de
Deus, conforme descrito em Atos 1.8. Se possível, ore com eles ao final da
lição pedindo um revestimento de poder.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
A lição de hoje trata da chamada e da
purificação do profeta Isaías. É um momento muito especial para abordar também
a chamada que Deus tem na vida de cada jovem. Providencie uma folha de papel e
escreva as seguintes questões: “Qual é a chamada de Deus para sua vida?”; “É
uma chamada a uma mudança radical?”. “Quais são as mudanças em sua vida que
você precisa ter para viver essa chamada de Deus?”. Dê alguns minutos para que
os alunos reflitam e respondam as questões. Em seguida, peça que alguns
compartilhem com a classe suas respostas. Depois, solicite que eles orem
pedindo a Deus forças e sabedoria para viverem o chamado de Deus e terem uma
vida de comunhão com o Espírito Santo.
TEXTO BÍBLICO
Isaías 6.1-8.
1 — No
ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.
2 — Os
serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam o rosto,
e com duas cobriam os pés, e com duas voavam.
3 — E
clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
4 — E
os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e a casa se encheu
de fumaça.
5 — Então,
disse eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios
impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o
rei, o Senhor dos Exércitos!
6 — Mas
um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do
altar com uma tenaz;
7 — e
com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua
iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado.
8 — 8
Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir
por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
A
chamada do profeta Isaías é uma das passagens bíblicas mais celebradas de seu
livro. Certamente todos já ouviram alguma pregação a respeito dela nas mais
variadas formas de interpretação. O atrativo do texto se dá pela manifestação
da glória de Deus de uma maneira extraordinária, viva e transformadora para o
profeta. Diante da experiência que ele tem com Deus, tudo se transforma em sua
vida; ele não somente vê, sente, ouve e age dentro da visão, mas também tem uma
nova perspectiva de vida a partir da visão; seus valores, vontades, desejos e
consagração a Deus mudam. Agora ele está totalmente entregue e absorto à
vontade de Deus, independentemente dos resultados alcançados. O mais
impressionante é que os resultados de seu ministério para com Israel são paradoxais
em relação à grandeza da revelação que ele tem. Seu ministério não terá
resultados práticos entre o povo, mas suas palavras e sua vida foram
purificadas pela experiência gloriosa.
I. A VISÃO SANTA
1. A crise do profeta. Isaías provavelmente era um parente próximo
do rei Uzias. Assim, desfrutava de privilégios junto ao palácio real, era como
se fosse o profeta oficial, pertencente ao clero remunerado, com estabilidade,
segurança e demais benefícios do favor real. Quando o rei morre, o futuro do profeta
entra em questão. O que será daqui para a frente? Como as coisas vão se
resolver e organizar? Como será o governo do rei Jotão? As coisas ficam
difíceis porque o rei deixa o povo continuar na idolatria (2Cr 27.2). Aquilo
que para o profeta era algo certo passou a ser duvidoso. Ele percebeu que
precisava estar com Deus, sozinho, pois sua situação era caótica. Assim,
instalou-se a crise no profeta e criou-se o ambiente para o encontro santo,
magnífico, assombroso e transformador com o Todo-Poderoso. Ele vai ao Templo
para orar e adorar buscar a presença de Deus.
2. O assombro e o terror majestoso. O que o profeta vê lhe causa terror e
assombro, diante da grandeza da majestade que se revela a ele. Ele vê o trono
de glória (do hebraico kabod: carga, energia) de onde todas as coisas materiais
e espirituais tomam vida, fôlego e forças, e vê a fumaça que esconde, envolve e
permite descobrir em partes o Todo-Majestoso. Têm a visão dos serafins (do
hebraico “incandescente”), seres que assistem e adoram no trono de Deus, e ouve
a suprema adoração desses seres (Is 6.3). A revelação de Deus para nós, embora
completa em Cristo, ainda permanece cercada de mistérios. Deus é santo não
somente na qualidade moral, mas principalmente no fato de ser inacessível.
Isaías se espanta por Ele se tornar acessível a um pecador como ele,
demonstrando que é possível que Deus se esvazie parcialmente de sua glória para
se revelar ao homem mortal e transformar a sua realidade (Fp 2.7).
3. A constatação assustadora. Diante da santidade de Deus que se revela ao
profeta, não há outra coisa a fazer a não ser ficar assombrado, pois fica muito
claro o contraste entre o Santo de Israel e o pecador; mas Ele não se revela
para condenar, e sim para perdoar. A visão lhe dá a constatação mais difícil
para qualquer ser humano — a sua pecaminosidade e miséria — levando-o a uma
confissão que sai do profundo do coração: “ai de mim, que vou perecendo!” (Is
6.5). Ele reconhece que as suas palavras, bem como o mundo a sua volta que se
organiza por essas palavras, estão repletas de impurezas, ou seja, palavras
vazias, tolas, maldizentes, egoístas, que não levam Deus em conta. Elas são
fruto de um interior cheio de pecados. Jesus mesmo disse que “a boca fala
daquilo que o coração está cheio” (Mt 12.34).
Pense!
Deus chama, capacita e sustenta, mas
antes de tudo Ele busca de nós disponibilidade e aceitação de seu chamado. Deus
conta com você para a manifestação de sua vontade ao mundo.
Ponto Importante
O chamado do profeta Isaías é relatado
nos primeiros capítulos do livro a fim de deixar claro que seu ministério,
apesar de ser complexo, nasceu da orientação divina.
II. A PURIFICAÇÃO DO PROFETA
1. A misericórdia que leva ao
arrependimento. Uma profunda tristeza tomou
conta do profeta diante da constatação de pecador. Ele permanece perto do Santo
por um tempo suficiente para constatar a impureza e depois recebe dEle a brasa
viva purificadora. Se o profeta não tivesse passado tempo com o Senhor, teria
vivido em trágica ignorância de quem Deus era e de seus caminhos para ele e
para o povo. Somente a presença do Senhor pode detectar em nós aquilo que ainda
precisa ser purificado. Por conta e vontade própria, esse processo será
superficial e incapaz de produzir transformações verdadeiras e duradouras. É o
entrar no Santo dos Santos, que nos foi possibilitado pelo sacrifício de Cristo
(Hb 10.20), que nos permite constatar quem realmente somos e o que Deus espera
de nós. Sua essência é ser santo e toda relação com Ele supõe a consciência de
que é paradoxal e impossível estabelecer contato com aquEle que é santo. Isso
faz com que o profeta grite por misericórdia ao perceber seu estado.
2. A brasa purificadora. Deus não deixa o profeta em desespero. Se Ele
não interviesse com a brasa, o profeta seria destruído. Mais uma vez a
misericórdia e graça de Deus se manifesta, diante da culpa e incapacidade
humana de alcançar êxito no esforço de santificação, Ele mesmo intervém bondosa
e amorosamente. Com certeza é um processo doloroso a purificação, mas altamente
desejável e necessária para qualquer jovem cristão que queira andar com Deus em
verdade. Não se pode entender a purificação como algo pronto e acabado, pois ao
andar com Deus, continuamente, serão necessárias novas investidas de
purificação, tendo em vista que enquanto aqui andarmos nossos pés se sujarão
com as coisas do mundo e não seremos perfeitos. A busca ansiosa por perfeição
poderá se transformar numa neurose doentia; por isso a necessidade de andar com
Deus.
3. Culpa removida e pecado perdoado. Um alívio toma conta do profeta pecador
quando este ouve a voz proclamando que está tudo perdoado. Para nós é o grito
que ecoa do Calvário anunciando: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem” (Lc 23.34). Ao aceitarmos e crermos que Jesus tem poder para perdoar
nossos pecados e aliviar nossa culpa, somos imediatamente aceitos como filhos e
todo peso é retirado, o fardo se torna leve e suave (Mt 11.30). No caso do profeta,
apenas ouvir a voz já lhe bastou para saber que agora suas palavras e sua
consciência estavam purificadas pelo poder daquEle que enchia o templo com sua
glória; o Santo que não tolera o pecado, mas que ao mesmo tempo é
misericordioso, amoroso e perdoador.
Pense!
Às vezes não conseguimos fazer a obra
de Deus porque nos sentimos culpados. Deus é misericordioso para purificar
nossos pecados e deixar-nos livres para servirmos em amor e alegria.
Ponto Importante
O serviço a Deus deve ser feito com
honestidade, transparência e integridade. Esses elementos são essenciais para o
bom andamento da vontade de Deus. Por isso, antes de Deus chamar o profeta, Ele
primeiro transforma e purifica a vida dele.
III. A CHAMADA DO PROFETA
1. Uma mudança radical. A santidade é um convite para trabalhar com
Deus do jeito dEle para impactar o mundo. O chamado do profeta não lhe é
imposto. Deus lhe faz uma pergunta e o convida a uma resposta; ele tem
liberdade de dizer sim ou não, mas diante da grandeza e da santidade de Deus,
sua vontade é se sujeitar inteiramente. O chamado de Deus nunca é imposto; é um
convite a ser respondido em amor diante da grandeza do amor que nos constrange
(2Co 5.14).
2. Envia-me a mim. Isaías vê o Santo, é purificado por Ele e se
vê chamado a um trabalho santo. Porém ele é informado de que não terá bons
resultados. Terá muita autoridade e santidade, mas não será ouvido (Is 6.9-10).
O resultado será mais rebeldia e desobediência, e em consequência o país seria
destruído e devastado (Is 6.11). O povo já está com o coração duro, mas a
mensagem de Isaías o endurecerá ainda mais, como num claro gesto de recusa,
pois sem a palavra do profeta a recusa poderia parecer superficial e a
consciência ficaria tranquila, mas assim as máscaras caem e aparece a verdade
da falsa religiosidade e da rebeldia que precisa ser rechaçada.
3. A santa semente. Sobrará uma floresta de troncos decepados,
uma nação de troncos, mas desses troncos brotará uma semente que fará toda a
diferença, Cristo, que purificaria e salvaria não somente o povo de Israel, mas
todo o mundo (Jo 3.16). O resultado do ministério do profeta mostra que o
ativismo e a busca desenfreada por sucesso em tudo que se faz nem sempre é o
desejo de Deus. Histórias deslumbrantes e testemunhos arrebatadores nem sempre
estão de acordo com a santidade de Deus. São as tentações do mundo, da carne e
do Diabo (1Jo 2.16), com promessas de gratificação, muitas vezes imediatas, que
nos levam a ter desejos de uma vida melhor que não levam em conta aquilo que o
Senhor pensa e quer, pois é do tronco feio e queimado que brotará a vida
abundante.
Pense!
Isaías é enviado a um povo que já
está com o coração endurecido. Nem sempre Deus vai nos levar a realizar
ministérios fáceis, com glórias, e nos colocar na vitrine religiosa.
Ponto Importante
O chamado do profeta não lhe é imposto.
Deus lhe faz uma pergunta e o convida a uma resposta; ele tem liberdade de
dizer sim ou não.
CONCLUSÃO
O profeta deixa de lado sua
autossuficiência (“ai de mim”), experimenta o perdão amoroso (“tua iniquidade
foi tirada”), recebe o convite para trabalhar para o Senhor (“quem enviarei”) e
dá uma resposta cheia de fé e obediência (“Eis-me aqui. Envia-me!”). Em
resposta a sua submissão, ouve Deus lhe dizendo que todas as grandes nações do
mundo (Assíria e Babilônia) seriam destruídas, mas a herança do Senhor, o seu
povo, será o remanescente santo que brotará e herdará todas as promessas.
ESTANTE DO PROFESSOR
GEORGE, Jim. Um Jovem Segundo
o Coração de Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013.
HORA DA REVISÃO
1. Qual
era o rei que governou Israel após a morte de Uzias?
Jotão, filho de Uzias.
2. Quais
as experiências sensoriais que o profeta tem em sua visão?
Ele vê, sente, ouve, fala e é tocado pelo serafim.
3. Quais
as principais características da santidade de Deus?
Ele é humanamente inacessível e não se contamina com o pecado.
4. Qual
o elemento purificador que o serafim utiliza?
O fogo.
5. Qual
lição se tira do fracasso do profeta?
Que nem sempre o sucesso humano é o sucesso de Deus para os seus filhos.
SUBSÍDIO
“É na presença de Deus que os seres
humanos, finitos e limitados, são: Convencidos de pecados; expurgados do pecado
e chamados a ministrar. A oração de consagração feita por Isaías, seguindo-se
ao ato de purificação, lançou as bases para a chamada divina que veio
imediatamente após. A rendição da vontade e a purificação do coração é que
permitiram a Isaías receber o comissionamento divino: ‘Vai e dize a este povo’.
Era uma mensagem difícil, mas havia esperança. Deus teria um remanescente, uma
santa semente.
[...] Às vezes pode parecer que Deus
nos desamparou. Contudo, podemos confiar que tudo quanto Ele está fazendo
coaduna-se perfeitamente com seu imutável amor. Ele nos está podando e
purificando. A disciplina de Deus não anulou seu desejo e determinação de
abençoar o povo de Israel, como nação. E olhe que eles também experimentaram o
silêncio de Deus. Foi a uma circunstância assim que Isaías se referiu na sua
última oração.
O chamado se confirma na oração, na
intimidade e comunhão com Deus. As adversidades do chamado são atravessadas e
enfrentadas na caminhada sincera de rendição e oração a Deus” (BRANDT, L.
Robert; BICKET, J. Zenas. O Espírito nos Ajuda a Orar: Uma
Teologia Bíblica da Oração. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996. pp.175-177).
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