sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Perseguição Cristã - Veja a história d SOMÁLIA

Afundada em uma longa guerra civil, na desigualdade social, no tribalismo, e no radicalismo, mais uma vez a Somália permanece entre os dez principais países onde é mais difícil ser um cristão

Violência, luto e dor têm marcado a história da Somália há muitas décadas. A estrutura da sociedade é formada por valores islâmicos e tribais. Somente em 2012 o povo elegeu seu primeiro presidente, após mais de 20 anos sem um governo central. Por um longo período, a falta de leis no país abriu espaço para o crescimento do extremismo religioso. O grupo extremista islâmico Al-Shabaab declarou publicamente que “quer a Somália livre de cristãos”.
De acordo com o artigo 2 da Constituição do país, o islã é a religião oficial do Estado e não há espaço para outras crenças. Além disso, o país é governado pela sharia, lei islâmica, que também coloca a apostasia (conversão a outras religiões) como prática ilegal. Mudar de religião não significa apenas uma traição ao islã e à comunidade muçulmana, significa da mesma maneira uma ruptura com as normas e valores da sociedade. Em sociedades tribais, este é um crime muito grave. Aqueles que são suspeitos de serem cristãos recém-convertidos do islamismo são frequentemente mortos no local em que são descobertos.
Estima-se que o número de cristãos não passa de 1% da população. A perseguição atinge principalmente a comunidade de cristãos convertidos do islamismo, impactando também cristãos expatriados ou migrantes.
Monitoramentos do governo para com os cristãos estão se intensificando para investigar onde eles se encontram e para descobrir os envolvidos em apoiar e treinar cristãos e evangelizar muçulmanos. O Al-Shabaab espiona as companhias de telecomunicação móvel em busca de informações, para evitar isto, as empresas de telefonia são obrigadas a pagar um imposto para o grupo impedindo-os de rastrear seus dados.
Hoje existem apenas ruínas dos antigos edifícios em que a igreja se reunia. Por causa disso, os cristãos se reúnem em pequenos grupos espalhados por todo o país, correndo grandes riscos. Eles não podem possuir uma Bíblia por causa do perigo que isso pode colocá-los, e qualquer tipo de celebração cristã ou encontros são proibidos.
Esse padrão de perseguição é excepcional, e coloca a Somália em uma categoria de extrema perseguição. Devido à violência, um número grande de cristãos somalis tenta fugir do país. Mas são poucos os que conseguem fazê-lo sem serem descobertos.
Ainda assim, a igreja somali persevera. Entre os momentos mais difíceis de perseguição e execuções, os cristãos têm-se mantido firmes, se apegando a sua fé secreta. A Portas Abertas apoia os cristãos do Chifre da África com treinamentos bíblicos, discipulados e ajuda no desenvolvimento socioeconômico de cristãos que perderam tudo por causa da sua fé.
Parece impossível para alguém se converter na Somália, mas nada é impossível para Deus. Um cristão somali chamado Mohammed, perseguido por causa da sua fé em Jesus, disse a um parceiro da Portas Abertas por que não desistiu de sua fé. "Só em Cristo tenho paz interior. Apesar de todas as lutas, de me sentir isolado e ser perseguido, estou em paz. É por isso que eu me apego a Cristo."
Na maioria dos anos, desde a criação da Classificação da Perseguição Religiosa em 1993, a Somália aparece entre os dez primeiros países mais hostis aos cristãos. O que motiva a perseguição religiosa são ao menos quatro fatores: os dois primeiros históricos e os últimos relacionados ao radicalismo islâmico e ao governo atual.

O islã já era uma religião estabelecida quando o cristianismo chegou na região. Os primeiros missionários cristãos chegaram à Somália em 1881. Em quase um século de trabalho, eles conseguiram algumas centenas de convertidos, até que foram obrigados a se retirar do país em 1974.
Formalmente, há um governo eleito pela população em 2002, o 2º mais corrupto do mundo. Entretanto, clãs tribais resistem à estrutura governamental atual e atuam de maneira informal na luta pelo poder. Nesse processo de governar tentando manter relações com os clãs somalis, o Estado não tem priorizado a liberdade e direitos dos civis, já que permitem os sentimentos anticristãos dentro do sistema tribal, demonstrados também na Constituição do país.
Desde a queda de Ziad Barre, em 1991, a Somália tornou-se um refúgio seguro para o radicalismo islâmico e tornou-se mais agressiva e intolerante para com os cristãos. A Somália é uma colcha de retalhos de clãs religiosos competindo e buscando uma forte identidade islâmica, num contexto de uma identidade tribal muito forte. Assim, mesmo se o Al-Shabaab mostrar um declínio temporário a ameaça aos cristãos não diminuirá.
No último ano, a situação parece ter piorado, já que militantes islâmicos intensificaram sua caça aos cristãos, principalmente os que assumiam alguma posição de liderança. Há uma forte tendência de que o cristianismo seja destruído na Somália, beirando o genocídio ou limpeza étnica. Consequentemente, os cristãos têm de fazer o que podem para manter sua fé em segredo.
A pontuação para a Somália continua muito elevada por causa da influência dos extremistas islâmicos e clãs tribais. A razão da queda na pontuação em relação ao ano passado não significa que a situação de segurança melhorou.
As perspectivas futuras para o país mostram que o extremismo islâmico, os conflitos tribais e a corrupção continuarão ditando a perseguição à igreja somali. Militantes do Al-Shabaab permanecerão ativos nas áreas rurais e nas áreas urbanas o governo continuará restringindo a liberdade dos cristãos.

Atualização: 16/12/2015

Fonte: Portas Abertas

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